domingo, 14 de setembro de 2008

O ANDARILO



É um bisbilhoteiro, um olheiro,
escoteiro, espião.

Um intrometido, baderneiro,
grafiteiro, pixador.

Um arruaçeiro! Caroneiro,
mensageiro, trovador.

Mambeimbe, malulante,
militante, estorvador.

Ele é meio carteiro sacoleiro,
camelante, tecelão.

Um verdadeiro arteiro, curandeiro,
macumbeiro, delirante,
pescador.

Por estas e tantas andanças,
ele é meu parceiro,
meu amante,
meu amor.

Vírus _ à Caravana de Saúde Educação e Cultura


Estou contaminado
quebrei os azuleiros brancos da cozinha,
Descartei o pinho sol e
Saquei da tomada a tela e a geladeira.

Meu lugar é no fogo e ao vento

Estou contaminado
Contaminado de ruas e praças públicas
De avenidas de afetos que me atravessam e me esculpem.
De cidadelas edificadas e suas luzes acesas no morro.
De apicuns, siris e caranguejos
E moquequas com farinha d´gua.

Estou viciado
Viciado em açaí
Bacuri, água de coco,
Cururu e siriri.

E vacinado
Vacinado contra o medo
Medo de não ter um destino certo ou
De misturar-me a massa, a gente.
Medo de perder o controle de
Diluir-me no todo
Da esquerda ou da direita
Percorro e pratico
O círculo.

Assim entre trancos e barrancos
Meio acanhado meio animado
Contamino cada canto
Que passo.
Ao passo que me despeço,
Meu rastro é laço.